“Um homem
plantou uma vinha, cercou-a, fez um lagar e construiu uma torre da guarda.
Depois arrendou a vinha e alguns agricultores e viajou para longe.” (Mc 12,1)
Jesus
experimentou, ao longo de sua vida,  momentos em que se sentiu profundamente
rejeitado pelos seus contemporâneos, de modo especial pelos  chefes 
do povo.
A vinha 
como de costume, simboliza o povo e os cuidadores  representam as
autoridades políticas e sobretudo religiosas. Os enviados são os diferentes
profetas que Deus  suscitou em seu povo para convidá-los à conversão.
Estes profetas foram desprezados. Finalmente vem o Filho… Jesus.  Os
trabalhadores da vinha rejeitaram os profetas e mataram o Filho… Jesus, com
esta parábola, estava anunciando seu fim trágico. As autoridades presentes, ao
ouvirem a parábola, sabiam perfeitamente que a elas Jesus dirigia a parábola.
Elas é que estavam planejando a morte de Jesus. Não conseguem, no entanto,
realizar seu plano porque o povo andava atrás de Jesus.
Coloca-se, com
esta palavra, sempre de novo, a problemática da aceitação ou da rejeição de
Jesus. No caso presente verificamos que as pessoas simples não tinham
dificuldades em aceitar Jesus. As pessoas graduadas, no entanto, vão aprendendo
a ter suas seguranças…  Aferram-se ao poder.  Garantem o futuro. Ao
menos querem garanti-lo.  Dificilmente aceitam mudança de seus planos.
Organizam-se fechadamente  e se sufocam.  Repetem as coisas de ontem.
Não dão entrada  à Palavra do Senhor que quer  descortinar lhes
outros horizontes.
Jesus hoje,
vivo e ressuscitado, continua  falando em nome do Pai e através das
páginas dos Evangelho que se tornam atuais no hoje do mundo e da 
Igreja.  Não é tão fácil o trabalho da divulgação da pessoa de Jesus
hoje.  Muitos “aderiram” ao Mestre através da família e da catequese.
Coloquei aspas em aderiram porque  nem sempre o conhecimento atinge o nó
interior da pessoa… e pode ser que,  um pouco mais à frente, sem
rejeitá-la explicitamente,  a figura de Jesus vai perdendo suas cores e na
prática ele não é levado em consideração.
Pode acontecer
também que alguém,  como aquele jovem rico do evangelho, sinta o convite
do Ressuscitado para uma intimidade maior… mas devido aos bens ou apegos a
pessoas permanece numa religião sem fogo, sem aceitar de fato  Cristo em
sua vida. Pode acontecer que, devido às exigências no seu seguimento, 
alguns vieram  mesmo a rejeitá-lo.
“Senhor,
livra-me das falsas seguranças, não permitas que eu seja envolvido e asfixiado
em meus próprios projetos  que me impedem de ver tua luz, que não me
deixem escutar tua palavra que convida à entrega, à mudança e a uma vida nova.
Não permitas que eu te coloque fora de minha vida para que tu não venhas a
perturbar minhas estruturas e meus planos”.
Frei Almir
Ribeiro Guimarães
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