Neste domingo
lemos o evangelho da multiplicação dos pães na versão do quarto
evangelista.  Pessoas com fome, deserto, falta de comida, proximidade da
Páscoa, pão que mata a fome do corpo, falta de pão de um lado, depois
fartura,  pão que mata a fome do corpo e uma outra fome… quanta beleza e
 quanta riqueza nesse episódio.  Pensamos em tantas mesas, em tantos
milagres,  na singeleza encantadora e nos mistérios de tantas mesas.
Há pessoas que
passam fome, que reviram latas de lixo, que  nunca comem à saciedade. Há
essas multidões famintas que, por vezes, são atendidas por planos sociais e
projetos assistenciais sérios.  Há esses indigentes sempre pedindo esmola
aqui e alhures. Há, de outro lado, tantos obesos que comem demais.
Aos domingos,
a mãe da presidiária vai fazer-lhe a habitual visita.  Todos os domingos.
A filha aguarda  todas as semanas a visita de carinho  quando a mãe
traz coxinhas de galinha e sorvete de creme. E as duas comem juntas num canto
do presídio, a festa da mesa, a festa do carinho enquanto se come.
Há essa mesa
de gente simples, de pai e mãe que trabalham, que aos domingos  reúnem a
família toda para o almoço.  A mãe prepara a comida, a filha mais velha,
balconista numa loja do bairro, faz  a salada. A vizinha  que mora
sozinha vem também para esse momento de partilha. Ela traz sempre a sobremesa.
  As pessoas se sentam em torno à mesa. Há a alegria  das coisas
simples: as pessoas falam, abrem o coração, fazem uma prece para começar e
enquanto a mesa dos alimentos nutre o corpo, a convivência amorosa alimenta a
vida íntima de cada um, em torno à mesa.
Penso aqui na
grande e bela mesa da festa da senhora que completa noventa e cinco anos.
Esposa, mãe, avó, bisavó, professora,  colaboradora fiel das atividades da
paróquia.  Chegam uns e outros, trazem seu sorriso, um presente simples.
Há abraços, uns poucos discursos e depois em torno da imensa mesa com 
toalha branca com flores amarelas e  lilás. E  esta refeição feita
toda de alegria, de agradecimento e de júbilo.
Por sobre uma
outra mesa, uma mesa com uma bela toalha branca,  estão uma patena e uma
cálice, pão e  vinho. Um sacerdote  olha para os céus,  pede que
o Espírito desça sobre esses alimentos e  o pão e o vinho se tornam
 pão da vida e bebida espiritual. Multiplicando-se aos olhos de todos.
“Recolheram os
pedaços  e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães”
Frei Almir Ribeiro Guimarães, no site
www.franciscanos.org.br

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