sábado, 16 de março de 2013

Jeremias 11, 18-20; João 7,40-53

Realmente, da Galileia, nunca se ouviu dizer que surgira um profeta de verdade. Foi assim que os interlocutores responderam ao pedido de Nicodemos: “Será que a nossa lei julga alguém antes de ouvir e saber o que ele fez?” Eles responderam: Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta”. 

Avançamos em nossa caminhada quaresmal e vamos nos aproximando da semana do sofrimento e da morte de Cristo. Não somos homens e mulheres da religião do sofrimento. Temos em nossas frontes a claridade da luz pascal. Mas precisamos fazer nossa parada diante do mistério da paixão. 

A leitura de Jeremias nos leva até o alto do Calvário. “Eu era como um manso cordeiro, levado ao sacrifício e não sabia o que tramavam contra mim; vamos cortar a árvore em toda a sua força; eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado”. 

O evangelista João descreve o clima daquele momento. Estava sendo tramada a morte de Jesus. Não havia, porém, unanimidade. Uns diziam que ele era o Messias… Outros não podiam crer que a Galileia “produzisse” profetas. “Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele”. Os sumo-sacerdotes pensavam que os soldados iriam trazer Jesus para sua presença. Queriam uma justificativa pelo não cumprimento desta ordem que tinha sido nada. Eis o motivo: “Ninguém jamais falou como esse homem!” 

Jesus sabe que seu horizonte vai se toldar com as nuvens escuras do sofrimento e da cruz. Fica firme. Torna rígido seu rosto. Não é afoito buscador de sofrimento e quer mesmo escapar da morte. Não é alguém que tem prazer no sofrimento. Mas fica fiel à sua verdade mais profunda. Não diz o que as pessoas querem ouvir, mas aquilo que lhe sussurra o Pai quem o ama e que nunca o largará. Com isso se torna um ser que incomoda. 

Quantas paixões e sofrimentos nessa terra dos homens. Quantas vezes ouvimos dizer que a paixão de Cristo continua nos membros de seu Corpo Místico que é a Igreja e em toda a humanidade. Há mulheres fiéis que são desrespeitadas, crianças que nascem doentes, há crimes hediondos, há tempestades e avalanches que matam, há rapazes e moças que morrem numa boite por causa do descuido de alguns. A paixão de Jesus continua. Não cultivamos e nem cultuamos uma espiritualidade neurótica da busca do sofrimento. Por vezes, quem sabe, alguns podem dizer, como Cristo: “Eu era como um manso cordeiro levado ao sacrifício e não sabia que tramavam contra mim”. Unimo-nos à paixão do Senhor. 

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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