segunda-feira, 18 de março de 2013

Leitura Bíblica: João 8, 12-20




“Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

Jesus é uma eterna interrogação.  No evangelho de hoje, temos a continuação do processo que se vai instaurando contra o Mestre pelas forças do mal. Logo do início, o Senhor se declara luz do mundo.  Transcrevemos uma luminosa página do Concílio do Vaticano II  que fala dos questionamentos do gênero humano e aponta para Jesus como aquele que esclarece, que ilumina o  sentido de viver.

“O mundo moderno apresenta-se, simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do pior; abre-se diante dele o caminho  da liberdade ou da escravidão, do progresso ou da regressão; da fraternidade e do ódio.  Por outro lado, o homem toma consciência de que depende dele a boa orientação  das forças por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis porque se interroga a si mesmo.

Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio mais profundo  que se enraíza no coração do homem.

No íntimo do próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta, como criatura, suas múltiplas limitações; por outro lado, sente-se ilimitado em seus desejos e chamados a uma  vida superior.

Atraído por muitas solicitações, é continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz  o que desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão, que dá origem a tantas e tão grandes discórdias na sociedade.

Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção  desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, sentem-se incapazes de  prestar-lhe atenção.

Outros, em grande número, julgam encontrar  satisfação nas diversas  interpretações da realidade que lhes são propostas.

Alguns, porém, esperam unicamente do esforço humano  a verdadeira e plena  libertação da humanidade e estão persuadidos de que o futuro domínio  do homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.

Não faltam também os que, desesperando de encontrar  o sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana  vazia de qualquer significado  próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor apoiando-se apenas no próprio esforço.

Contudo, diante da atual evolução  do mundo, cresce o número daqueles que formulam questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade.  Que é o homem?  Qual é o sentido do mal, do sofrimento, do mal e da morte que, apesar de tão grandes progressos, continuam a existir?  Para que servem semelhantes  vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?

A Igreja, porém, acredita  que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todo o gênero humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão corresponder  à sua vocação suprema:  ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.

Crê igualmente que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu Senhor e Mestre.

A  Igreja  afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações, permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu  fundamento último  em Cristo, o mesmo  ontem, hoje e sempre”.  Gaudium et  Spes,  9-10

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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