Os evangelhos nos falam de polêmicas entre Jesus e
seus adversários religiosos, mormente os doutores da lei e os fariseus. Na
leitura de hoje, Lucas coloca a seguinte objeção dos adversários de
Jesus: “Os discípulos de João e também os discípulos dos fariseus
jejuam com frequência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem”.
Os adversários do Senhor lembram as legítimas
tradições de sua gente. Entre estas estava a prática do jejum como sinal de
penitência e expressão de uma vontade de conversão. O próprio Jesus dirá que o
homem não vive só de pão, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus. Jesus
não faz protesto contra o jejum. A situação, no entanto, é outra.
Ele, no meio dos homens, é o Esposo que veio organizar
e celebrar a festa do Reino, do mundo novo que o Pai quer que ele instaure. Ele
é a beleza de Deus, a alma de uma festa nova que está acontecendo. Os seus
discípulos precisam degustar a alegria da presença do Amado. Quando ele for
arrancado do meio do povo aparecerão motivos de jejum. Será sobretudo jejum
daquela presença visível da misericórdia que era Jesus em carne circulando pela
casa dos homens…
Todo o texto de Lucas aponta para uma novidade
inaudita: a pessoa de Jesus. Com ele começa um mundo completamente novo. Os
homens deporão as armas, vão se tornando irmãos de seus irmãos, cantarão pelos
caminhos a alegria do evangelho, levarão para os albergues os jogados à beira
do caminho. Não serão apenas religiosos com maquiagem de novidade, de novidade
externa. Os que seguem a Jesus são seres novos. Morrem a si e renascem em Deus.
Não colocam remendos na religião judaica nem vinho novo em odres velhos.
Há uma novidade no ar.
Neste novo milênio estamos assistindo a um
envelhecimento dos humanos. Deixaram de buscar as alturas e começaram a dizer
que as coisas imanentes, tocáveis, materiais bastam. Costumam buscar a Deus
para resolver seus pequenos problemas. Fazem aqui e ali umas mudanças nos ritos
sem atingir o nó das coisas. Homens e mulheres da Igreja somos convidados a
buscar uma família nova, uma nova maneira de fazer política, uma
nova modalidade de se fazer pastoral. Não se coloca vinho novo em odres velhos…
A evangelização não será colcha nova colocada em estruturas pesadas e mortais.
Que o Espírito nos ajude a descobrir o novo.
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
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