Jesus estava sempre cercado de muitas pessoas.
Lucas, no texto hoje proclamado, observa que a mãe do Senhor e seus parentes
queriam falar com ele, mas não podiam chegar até ele devido à multidão. Alguns
chegaram a Jesus dizendo que eles estavam querendo ter com ele. Conhecemos essa
palavra de Jesus que costuma causar estranheza: “Minha mãe e meus irmãos são
aqueles que ouvem a Palavra de Deus”. O texto evangélico dá a impressão que
Jesus não dá a devida atenção à mãe e aos parentes.
Na medida em que não vivemos para nós mesmo, mas em
que nos colocamos como que “suspensos” à voz do Senhor passamos a ser ouvintes
de Palavra. E a Palavra é como a semente. Esta e aquela morrem no solo e no
coração para produzir fruto. Maria, a mãe de Jesus, antes de gerá-lo na carne,
concebeu-o em seu interior com o seu fiat, o seu faça-se em mim
segundo a sua palavra. Da mesma forma, cada discípulo de Jesus que se faz
ouvinte atento da Palavra da Escritura, das falas do Senhor no fundo da
consciência, dos sinais que ele nos da através dos irmãos que nos cercam
se torna próximo de Jesus. A palavra-semente morre em seu interior e dá
fruto. Quem ouve a palavra e a põe em prática torna-se mãe e irmão de Jesus. Os
que querem segui-lo são convidados a ouvir a Palavra que lhes mostra o caminho.
A audição da Palavra e sua acolhida nos torna íntimos do Senhor… Assim os
ouvintes adotam a postura de Maria: levam tudo ao fundo do coração.
Transcrevemos algumas linhas de Francisco de Assis
em sua Carta aos Fiéis: “Quão bem-aventurados e benditos são
aqueles e aquelas que ao fazerem tais coisas (amor a Deus e ao próximo,
recepção do Corpo e Sangue do Senhor), e nelas perseverarem porque pousará
sobre eles o espírito do Senhor (cf. Is 11,2) e fará neles
habitação e um lugar de repouso (cf Jo 14,23; e são filhos do Pai (cf. Mt
5,45) celestial, cujas obras realizam, e são esposos, irmãos e mãe (cf. Mt 12,
50) de Nosso Senhor Jesus Cristo. Somos esposos, quando a alma fiel se une pelo
Espírito Santo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Somos seus irmãos quando fazemos a
vontade do Pai que está nos céus (Mt 12,20). Somos suas mães quando
o trazemos em nosso coração e em nosso corpo (cf. 1Cor 6,20) através do amor
divino e da consciência pura (1Tm 3,9) e sincera e damo-lo à luz
por santa operação que deve brilhar (Mt 5, 16) como exemplo para os outros”.
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
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