“Ao ouvir as primeiras palavras de
saudação, Maria havia se perturbado e se perguntava que sentido teria essa
mensagem, mas logo abriu os lábios, para dizer a primeira frase que o Evangelho
de São Lucas atribui a ela: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”. Maria
dirige essa palavra a Deus, por meio do anjo.
Todo homem está convidado a dialogar
com Deus. A escutá-lo, a falar com Ele, a realizar tudo o que Ele pede. No ato
de falar e escutar a Deus, Maria devia ser expert. Mas, apesar de que sua mente
e seu coração deveriam receber uma iluminação especial, pois foi concebida sem
pecado e cheia graça, nem tudo para ela estava claro. Ela também caminhou na
fé, ela confiou na Palavra de Deus, embora nem sempre a compreendesse (Cf. Lc
2,50). Maria creu. Ela é a Virgem Fiel, a Rainha dos que confessam a fé.
Foi a ela que Isabel saudou, dizendo: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se
hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,45). A
vida de Maria foi um processo de fé. Assim, aceitou sua vocação de ser mãe de
Cristo e da Igreja, não compreendendo, senão, crendo. Estando sempre disponível
para encher-se de Deus. O Documento de Puebla afirma:
“Maria é reconhecida como modelo
extraordinário da Igreja na ordem da fé. É aquela que crê, pois nela
resplandece a fé como dom, abertura, resposta e fidelidade. É a discípula
perfeita que se abre à palavra e se deixa penetrar por seu dinamismo. Quando
não a compreende e fica surpresa, não a repele, ou põe de lado; medita-a e
conserva-a. E quando a palavra lhe soa dura aos ouvidos, persiste confiantemente
no diálogo de fé com Deus que lhe fala”.
Como Maria, também nós, os crentes,
devemos perguntar a Deus e pedir-lhe que nos ilumine o caminho. O ateu não
pergunta justamente porque não aceita o transcendente. O crente é aquele que
espera que Deus responda quando a dor, a doença, a morte, a tentação ou o
pecado o levam a dizer: “Por que isto está acontecendo?”. Ou quando a vocação
que Deus propõe parece superar toda resposta possível, então diz: “Como se
fará?”. As respostas divinas sempre envolvem desafios a enfrentar e estabelecem
novos questionamentos que, somente à luz da fé, poderão ser resolvidos.”
Trecho do livro de Pe. Diego
Jaramillo, “As palavras de Maria
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