Um andarilho sempre disposto a caminhar. Não se instala.
Há dentro dele um fogo e ardor que não pode controlar. Tem vontade
imensa de estar com seu Cristo Jesus.
Não sabe, no entanto, o que é melhor: ir para o
Senhor ou se fazer até o fim de seus dias o grande anunciador do mistério
oculto em Deus e manifestado em Cristo, o Senhor. Hesita entre uma e
outra escolha. Caminha sem se preocupar com detalhes. Sabe viver com o
muito e também na pobreza. Trabalha com suas próprias mãos para não ser peso para
ninguém. Cria comunidades. Fala, prega, insiste a gosto e contragosto e
deixa um irmão mais esclarecido para cuidar das comunidades de Corinto, de
Éfeso ou de Filipos. Sabe vociferar contra os que impedem a
difusão do evangelho e, de outro lado, se reveste de ternura. Escreve
cartas, coloca por escrito aquilo que vai compreendendo por meio da assistência
do Espírito. Vê-se forçado a recriminar aqueles que querem
indispô-lo com Pedro e Tiago. Sente, no entanto, que ele não pode ficar
fechado no círculo dos judeus. Precisa ir pelo mundo. Vira a
página das prescrições judaicas… Não se pode colocar pano novo em roupa velha…
Fica todo possuído de admiração por seu Senhor. Ele,
de condição divina se tornou servo obediente até à morte e morte de cruz.
Compreende a largura, a profundidade, o comprimento do amor de Deus
manifestado em Cristo Jesus. Tem como lixo tudo o que não for
Cristo Jesus.
João Crisótomo assim o descreve: “No meio das insídias dos
inimigos, conquistava contínuas vitórias triunfando de todos os
seus assaltos. E, em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e
maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus
gloriava-se e dava graças a Deus, dizendo: Graças sejam dadas a
Deus que nos faz sempre triunfar (2Cor
2,14). Por isso, corria ao encontro das humilhações e das ofensas
que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos
apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela
morte do que nós pela vida: ansiava mais pela pobreza do que nós pela
riqueza; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que
nós o descanso depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia
temer: ofender a Deus. E uma só coisa desejava: agradar a Deus (L.Horas III, p.
1209).
Frei Almir
Ribeiro Guimarães
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