sábado, 26 de janeiro de 2013

Leitura Bíblica: 2Timóteo 2, 1-8


“Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sobriedade” 
(2Tm 1,7)

Comemoramos hoje a festa de dois discípulos e companheiros de Paulo em suas andanças.  Belíssimo o trecho da carta a Timóteo, proclamado na liturgia de hoje.
Paulo apresenta seu título de honra:  “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pelo desígnio de Deus…”.  Paulo tem plena consciência  de sua missão. Não nasceu dele, mas foi uma determinação de Deus.  Ele sabe que foi enviado a anunciar os desígnios eternos de Deus que estavam ocultos em Deus e que  manifestaram-se a fragilidade e na glória de Cristo.  Mais adiante ele dirá que serve a esse Deus com consciência pura.  Será enviado para os de fora, para os gentios.

Estaria ele diante de um Timóteo fragilizado?  Algumas das expressões da carta poderiam sugeri-lo.  Há toda uma visão profundamente pascal da vida e das coisas.  Há uma imensa ternura.

Paulo dá graças a Deus em suas orações quando se lembra de Timóteo. Há um interesse e uma atenção especiais por Timóteo de sorte que o apóstolo gosta de colocar-se diante do Senhor  em sua companhia.  Paulo lembra-se de suas lágrimas, dos seus sofrimentos.  Tem vontade de rever o companheiro e assim por termo à sua tristeza de estar longe dele: “Lembrando-me  das tuas lágrimas, sinto grande desejo de rever-te e assim ficar cheio de alegria”. Alegria dos missionários cujos corações batem uníssonos, alegria por uma causa comum, vontade de estar com aquele que é também amigo do Mestre.  Belíssimas as amizades que a história revela entre pessoas unidas no Senhor, aqueles que têm a alegria de tornar o Amor amado.
Paulo elogia a fé do seu amigo. Esta fé vem de sua família, da avó Loide e da mãe Eunice.  Pormenor importante este: os pais são os primeiros e fundamentais anunciadores da fé aos filhos.  Não obrigam-nos a crer. Mas certamente a solidez e lucidez da fé dos pais é de fundamental importância para que  os  filhos comecem  a aventura da fé.  Parece  que Timóteo experimenta um desalento. “Exorto-te a reavivar  a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”.

Há um convite a  que  volte ao primeiro amor.  O bispo Timóteo não pode esquecer que recebeu a imposição da mãos, sinal da graça do Senhor, para que ele pudesse ser administrador dos mistérios de Cristo.  Cada um daqueles que são padres sempre se lembram da preparação para sua ordenação e de como viveram intensamente os  momentos que precederam a cerimônia, o retiro preparatório,  a alegria vivida com os confrades,  os primeiros tempos do ministério.  “Exorto-te a reavivar a chama  do dom de Deus…”  Paulo, carinhosamente repreende o companheiro: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sobriedade”.

Finalmente vem a palavra mais forte  e mais densa.  Timóteo não pode  ter medo de suas fraquezas e das fraquezas dos outros. Será preciso sofrer com Paulo, em outras palavras, viver o mistério  pascal em sua carne.  “Não te envergonhes  do testemunho de nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, sofre comigo pelo evangelho, fortificado pelo poder de Deus”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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