Novamente
vemos Jesus com uma multidão à sua volta. Muitos iam buscar junto dele a
cura de suas doenças e a solução de suas dificuldades. Outros,
talvez estivessem vislumbrando em suas palavras um universo de vida
novo e empolgante. Jesus pregava sabendo que era importante dar tempo ao
tempo. E certamente alguns estavam se esforçando por ouvir as
palavras fundas e profundas que saiam dos lábios de Jesus.
Vemos Jesus ocupado com as coisas do Pai. Está tentando
penetrar o fundo da história dos que estavam a seu redor.
A mãe de Jesus
e sua parentela se fazem anunciar. Estão à porta.
Querem estar com ele. Jesus não rejeita, mas adia o encontro. Serve-se do
acontecido para dilatar o horizonte de seus ouvintes. A família carnal é
importante na vida de todos. Nossos pais, nossos parentes, nossos irmãos
de sangue foram criando laços estreitos conosco. Gostamos de
estar juntos, de comer juntos, de contar nossas
“histórias”. Quando um membro se ausenta, sentimos sua falta.
Sofremos com os que sofrem. Ajudamos os que podemos ajudar.
De modo particularíssimo há essa piedade amorosa e reverente
dos filhos para com seus pais. Ficamos sempre profundamente
sensibilizados vendo filhos cuidando amorosamente de seus pais muito idosos,
impacientes, exigentes e carentes. Jesus não rejeita seus parentes.
Seus irmãos e suas irmãs, no entanto, são os que fazem a vontade do Pai.
Há os laços de
sangue, mas há também laços e liames que se instauram porque nascemos da
fé. Os que se dispõem a fazer vontade do
Pai são os parentes próximos de Jesus. Jesus insiste no fazer
a vontade do Pai. O trecho da Carta aos Hebreus hoje
proclamada fala da pouca importância do sangue de touros ou
de bodes. Jesus vem fazer a vontade do Pai. Jesus
oferece seu corpo. “Tu não quiseste, nem te agradaram
vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado –
coisas oferecidas segundo a lei -, ele acrescenta: Eu vim
para fazer a tua vontade”. O ar que Jesus respira é o de fazer
carinhosamente aquilo que o Pai pede. Maria havia se apresentado
com o mesmo propósito: fazer nela segundo a vontade. Cada um
nós somos convidados a fazer essa vontade: no casamento, no colocar
filhos no mundo, nos momentos de alegria ou de sofrimento. Realizando os
desígnios do Pai criamos o mundo novo, sonho do coração do
Altíssimo. A família de Jesus é constituída dos que colaboram com a obra
do Pai. “Olhando para os que estavam sentados ao redor, disse: Aqui
estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu
irmão, minha irmã, minha mãe”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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